quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Pai


Lembra quando caminhamos na distância
Querendo definir logo nossos caminhos?
Tinha em mim ainda a inocência dos doze

e minha irmã os passos apressados da adolescência
Eu ia onde você definia, apesar da lonjura, sorria
Tecia sonhos ainda sem caminhos
E tu não seguravas minhas mãos
Eu, você e minha irmã,andávamos juntos
Seguindo em caminhos diferentes na mesma direção.
Não entendia a rudeza de seus anseios
Eu e minha irmã, passos lentos e tu apressado
Foste tu a ausência quando segurei um lápis
Foste tu a saudade quando não chegaste
Fui o que ainda sou, eu, minha irmã e mamãe
Marcas de um tempo, espera e solidão.
Herdei de minha mãe a tristeza
Herança nobre, fardo de certezas pra vida inteira.
Mãe,fomos um, esperando sempre ser pai
Queria ter aliviado tua dor,queria ter preenchido
esse espaço que faltou em tua vida.
Pai,andaste perdido longe de mim,longe de nós...
Foste ausência, foste espera
És a saudade de hoje
Longínqua flor,distante primavera...

Wander Almeida
22/08/2008